No cotidiano, o trabalho como conceito é moldado em relação ao contexto sócio-histórico, significando o emprego de força física e mental, assim como pode se referir a uma ocupação ou explicitar a maneira, o manejo dos instrumentos de trabalho. O trabalho pode representar uma ação efetiva da força física ou ter um sentido metafórico para se referir a um estado do ser. A partir dos anos 1970, as condições de aprofundamento da crise estrutural do sistema do capital explicitaram o contexto no qual o desalento passou a designar a condição dos trabalhadores que desistiram de procurar trabalho. Inicialmente, tratei o desalento, enquanto efeito de sentido da ofensiva neoliberal sobre o trabalho, demonstrando que o deslocamento do desalento para a esfera do debate político silencia a sua gênese na esfera econômica. Posteriormente, apontei que a designação ‘desalentadas’ é constitutiva no discurso sobre, enquanto efeito de conclusão, sendo a subjetivação constitutiva enquanto contraidentificação na formação discursiva do desemprego. Em estudo posterior, tratei dos processos de subjetivação de homens face ao desalento, apontando que face à suposta homogeneidade na categorização das pessoas desempregadas, outros sentidos são produzidos a partir das condições que marcam no discurso suas distinções e particularidades. Neste trabalho, meu interesse se volta às derivações de sentido do desalento em diferentes processos discursivos, considerando o contexto latino-americano. O desalento comparece no debate sociológico contemporâneo como expressão da negação do direito ao trabalho, encerrando uma tentativa de homogeneizar o caráter heterogêneo que o constitui, pelo efeito da formação ideológica do capital.
Comissão Organizadora
EDITORA PHILLOS ACADEMY
Comissão Científica